Eu tinha medo de baratas, aqueles de verdade, tipo pavor,
incapacidade de agir autonomamente, 'eu' com mais de 30 anos toda
personagem “diferentona”.
Pensando hoje com meu intelecto atualizado (nem
melhor, nem pior, só mais corajoso) não fazia o menor sentido mais aquele medo naquela altura da vida.
E fui colocada a teste.
Estava eu há alguns poucos anos atrás morando – sozinha –
numa casa há apenas alguns dias e elas começaram a aparecer. Era uma casinha
pequena simples, um tipo kitnet-casa que estava sem alugar faz tempo, tudo
parado sem usar. Nos primeiro dias elas começaram a aparecer e logo descobri de
onde vinham. Coloquei veneno na porta, borracha na soleira da porta e elas
entravam. Tinha uma tal caixinha de
esgoto individual de frente pra cada casinha (todas coladas) bem na frente da
porta da cozinha/sala/área de serviço e quando eu comecei a usar a água da casa a comunidade de baratas que habitava “minha caixinha” começou a se expandir. Mas isso eu só
descobri uma semana depois quando tive a brilhante idéia de jogar veneno de
onde elas saíam. E sim! Aí sim elas saíram. Começaram a sair dezenas
(centenas?) de baratas na minha direção e não paravam. Entrei correndo e fechei
a porta e elas começaram a entrar pelas frestras da porta e pelas janelas, que não
eram nada vedadas. Elas ficaram entrando por alguns minutos que não faço idéia de quantos,
pareceram horas... Eu comecei a dar vassourada, jatos de veneno, impedir que elas
subissem pro quarto, no mínimo! Fiz uma máscara com a minha camisa, com uma
vassoura numa mão, a lata na outra e colocando papel e passando fita crepe em
todas as frestas das portas e janelas. Enfrentei a batalha. Gritando e chorando, totalmente descontrolada, mas agindo. Elas não iriam me tirar da minha casa sozinha de madrugada no centrão de Suzano.
No medo e Agindo.
Na não inércia que
pode ser causada pelo enfrentamento extremo do medo. Instinto. Memória ancestral.
Às vezes é preciso mergulhar de corpo, mente e coração na
experiência que mais se evita.
Na que se tem medo e não se quer encarar.
Acontece pelo menos pra tipos como eu que aprende no fogo e
ensina no ar. Deve ser-vir para outros seres também. Eu expandido, somos.
Doer pra sentir que os opostos vão te empurrar de um lado ao
outro, que a dualidade vai te testar (tentar?).
Que a libertação do medo seja ampliadora de espaço/consciência.
Eu nunca fui simpática ao mundo que se fica a própria sorte.
Que mais pessoas possam se expandir na dor, no amor, sem
medos.
Autonomamente.
Até que todas as pessoas sejam livres.
Palhoça - SC
Montanha Encantada / Garopaba - SC
Montanha Encantada / Garopaba - SC
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Praia da Silveira - Garopaba - SC
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