terça-feira, 15 de novembro de 2016

sob inspirações de lua cheia e retidão sobre o amor (mas poderia ser de qualquer outra coisa)



Não que eu não sinta
Ou que ainda não me perca

A memória invade a mente
leva quase à retina a imagem da linda cara
ao olfato o cheiro
e ao tato o beijo
o encanto do jeito de moleque não macho.
Os sentidos invadem
Me perco me acho.

não transfiro e guardo
não mato
não morro
renasço
entrego

e a dúvida vem: mas será que...
agita a mente
deixo fluir...
Entender o que?
A aprisionadora inocência do controle...

Entrego
Me trouxe o novo e o novo será sempre bem vindo
Tenho espaço
- Entre.


Mosteiro de São Bento - Vinhedo SP (Retiro Yoga Sem Fronteiras)

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

sobre luas cheias e eus

De uma lua cheia a outra mudou tanto lá
e aqui?
Encheu
Esvaziou
E preenchi de mim novamente
Daquilo que mais importa
Um amor que transborda e transcende
Que não cabe mais e expande
Que não tem nome e não exige de volta
Difícil?
Difícil é não amar
O que é o amor talvez ainda não saiba
Ou esteja eternamente aprendendo
Mas não é apego, não é dor e não é desilusão
É
Sou
Somos
O eterno retorno
Em mim, em tu
Passeando, nômade, livre
Preenchido
Auto-amor  que não cabe e expande
Se perde e se acha
E o que há tempos alguns já viam e eu perguntava  - Onde?
Agora vejo em mim mesma
Me perco e me acho
Ou só relembro e volto
O eterno retorno

 
Lua cheia de outubro 2016 - Santos Zona Noroeste

Lua cheia de setembro 2016 - Guarda do Embaú - SC



terça-feira, 11 de outubro de 2016

Como eu perdi o medo de baratas

Eu tinha medo de baratas, aqueles de verdade, tipo pavor, incapacidade de agir autonomamente, 'eu' com mais de 30 anos toda personagem “diferentona”. 
Pensando hoje com meu intelecto atualizado (nem melhor, nem pior, só mais corajoso) não fazia o menor sentido mais aquele medo naquela altura da vida. 
E fui colocada a teste.


    Estava eu há alguns poucos anos atrás morando – sozinha – numa casa há apenas alguns dias e elas começaram a aparecer. Era uma casinha pequena simples, um tipo kitnet-casa que estava sem alugar faz tempo, tudo parado sem usar. Nos primeiro dias elas começaram a aparecer e logo descobri de onde vinham. Coloquei veneno na porta, borracha na soleira da porta e elas entravam.  Tinha uma tal caixinha de esgoto individual de frente pra cada casinha (todas coladas) bem na frente da porta da cozinha/sala/área de serviço e quando eu comecei a usar a água da casa a comunidade de baratas que habitava “minha caixinha” começou a se expandir. Mas isso eu só descobri uma semana depois quando tive a brilhante idéia de jogar veneno de onde elas saíam. E sim! Aí sim elas saíram. Começaram a sair dezenas (centenas?) de baratas na minha direção e não paravam. Entrei correndo e fechei a porta e elas começaram a entrar pelas frestras da porta e pelas janelas, que não eram nada vedadas. Elas ficaram entrando por alguns minutos que não faço idéia de quantos, pareceram horas... Eu comecei a dar vassourada, jatos de veneno, impedir que elas subissem pro quarto, no mínimo! Fiz uma máscara com a minha camisa, com uma vassoura numa mão, a lata na outra e colocando papel e passando fita crepe em todas as frestas das portas e janelas. Enfrentei a batalha. Gritando e chorando, totalmente descontrolada, mas agindo. Elas não iriam me tirar da minha casa sozinha de madrugada no centrão de Suzano. 
No medo e Agindo.
Na não inércia que pode ser causada pelo enfrentamento extremo do medo. Instinto. Memória ancestral.

Às vezes é preciso mergulhar de corpo, mente e coração na experiência que mais se evita.

Na que se tem medo e não se quer encarar.

Acontece pelo menos pra tipos como eu que aprende no fogo e ensina no ar. Deve ser-vir para outros seres também. Eu expandido, somos.

Doer pra sentir que os opostos vão te empurrar de um lado ao outro, que a dualidade vai te testar (tentar?).

Que a libertação do medo seja ampliadora de espaço/consciência.

Eu nunca fui simpática ao mundo que se fica a própria sorte.

Que mais pessoas possam se expandir na dor, no amor, sem medos.

Autonomamente.


Até que todas as pessoas sejam livres.

Palhoça - SC

 
Montanha Encantada / Garopaba - SC

Montanha  Encantada / Garopaba - SC

Montanha Encantada / Garopaba - SC

 
Montanha Encantada / Garopaba - SC

 
Montanha Encantada / Garopaba - SC

 
Praia da Silveira - Garopaba - SC

segunda-feira, 27 de junho de 2016



coloca a música certa
não a que ativa a memória e o pensamento
concentra, se alimenta, medita, pratica
mantra, tantra
deixa o prana entrar
o impuro sair
pranayama
mas que sedutor
rajas
nyama pra se empenhar com mais atenção
tapas
elas, minhas e não deles
paixões
aquelas que surgem, ressurgem, alimentam (intoxicam?)
e vivem no mais sutil além da comunicação verbal e virtual

Flor de Lótus - Cunha-SP

Norte do Chile - San Pedro de Atacama e Arica

Bom, na fronteira da Bolívia com o Chile - primeira vez que eu atravessava uma fronteira por terra - os policiais chilenos não gostaram muito da história do boliviano ter nos largado lá, parece que teria que ter ido um guia autorizado nos buscar e nos passar na fronteira, parecia algo bem inadequado pra eles Perguntaram um monte de coisa, inclusive porque brasileirxs e franceses estavam viajando juntos e como a gente tinha conhecidos elxs. Fiquei um pouco tensa, um cismou com um de nós que estava com RG em vez de passaporte, mas eles eram um pouco menos amedrontadores do que os que nos abordaram na rodoviária na Bolívia. Enfim, atravessamos a fronteira, chegamos a San Pedro de Atacama subimos umas ruas com os franceses com a gente pra procurar albergue e achamos um bem legal perto de tudo com pessoas muito legais que administravam, na rua Pachamama chamado Hostal Talar. Num era barato mas depois percebi que num era lá especificamente que era caro, mas o Chile era caro pra rolé. Eu, uma profunda admiradora do calor, lembro perfeitamente que a sensação mais marcante foi a de sentir o corpo quente, pela primeira vez em dias senti que estava com muita roupa e fui tirando um ou outro acessório e casaco pela rua, até ficar com uma camiseta só, dei muito valor! Outra coisa esperada era um banho quente, já fazia uns dois dias que a gente num tomava banho, rolou até uma piada do funcionário do hostel sobre a Bolívia não ter água quando perguntamos sobre banho, o que não era tão mentira, quente pelo menos ou abundante não tinha mesmo, fato não piada afinal. Depois daqueles dias na Bolívia (http://gigiecotrips.blogspot.com.br/2014/01/bolivia-santa-cruz-de-la-sierra-sucre.html) um banho e deitar numa cama sem precisar de mais cobertas que o meu peso foi uma sensação muito boa mesmo. E então recuperando energias e descansando ficamos pela cidade de San Pedro uns dias mesmo sem fazer muitos rolés, nos recuperando. A cidade é bem agradável, diferente, se for ver no mapa, ou quando você vai embora, percebe o quanto é isolada, foi um dos primeiros lugares que alguns povos nômades (pré incas) pararam pois tinha água, um lugar cheio de oásis, uma intensa dimensão energética por isso acredito. De várias partes se pode ver as cordilheiras. De lá saem muitos passeios para o deserto e para o Salar do Uyuni menos aventureiros e mais baratos de quem vem pela Bolívia. Cidade boa. Boas lembranças. Apesar de isolada é bem movimentada, nem parece mesmo que se está no meio do deserto. Recomendo um museu de História bem na praça central, muito bom pra aprender um pouco sobre a região, com História e artefatos desde os povos pré-incas até a invasão espanhola.






De San Pedro fomos em direção do litoral norte do Chile!!! Sem transtornos no transporte! Tudo tranquilo! Arica!!! perto do contraste que passamos familiarizava até com Santos. Ficamos no Arica Surf House Hostel, muito bom mesmo, bem localizado, preço de hostel dos mais arrumadinhos. Cidade organizada em termos de cidade, bastante carros, acesso à tudo, fácil de se localizar. Praia extensa, porto, piers, brisa-maresia, mas PELA PRIMEIRA VEZ EU ESTAVA NO OCEANO PACÍFICO! Fico emocionada com essas coisas... conexão mar! Mas não foi possível mergulhar, estava frio e a água era um gelo. Assustava um pouco as placas pela orla avisando sobre possibilidade de Tsunami e os pequenos atalhos indicados - ironia. Um bom rolé, pedalada longa e intensa com direito a uma mordida de cachorro no tornozelo (sem maiores problemas) e bastantes subidas e descidas pra chegar na ponta esquerda da orla, grutas e visuais que valeram muito a pena, uns bons 30 km ida e volta... 'uns menor' que salvaram, praias, lobos marinhos, visual deserto-praia inédito pra mim, bons vinhos...















E dali já no extremo norte do Chile a caminho do Perú!
O espanhol já fluía bem... a melhor escola...