terça-feira, 2 de outubro de 2012

As pesadas paredes das prisões medievais... Palazzo Ducale Venezia



Nem sempre desistir é fraqueza,
Nem sempre pular fora é covardia.
Há uma dificuldade intrínseca e ideológica em seguir tentando,
Há uma tristeza de constatar a dificuldade de envolvimento em troca de comodidade.
Não acharei bonito quem prefere ser decidida a decidir,
Não aceitarei quem prefere votar e seguir por uma maioria que pensa em uma minoria a ter que discutir,
Quem prefere coisas prontas a construir.
Se um dia a sociedade me ensinou que ser hierarquicamente maior era ótimo e nunca concordei,
Hoje aprendi na pele que se sentir bem é melhor ainda e fundamental para lutar.
Se eu como anarquista não tentar no meu micromundo onde tentarei?


Se o fracasso vem da sua idéia de sociedade não ligo de ser uma fracassada, não ligo de ter tentado e não ter conseguido...

Hoje não me sinto uma perdedora,
Sinto que pra continuar seguindo no que eu acredito em primeiro lugar devo pensar na minha saúde mental e lembrar as velhas terapias...
Se eu não estiver bem e feliz,
Quem estará ao meu lado? Obrigada, não lhes quero...
Como pensar em si primeiro é ser egoísta se quem vive comigo todos os dias e o dia todo sou eu?
Que seja pra uma guerreira das idéias seguir (um pouco mais) mentalmente saudável,
Que seja para o meu bem...
Alívio... um pouco de tristeza... auto defesa e sigo caminhando...






terça-feira, 25 de setembro de 2012

a lua ao contrário do hemisfério norte



Um raio caiu na minha cabeça e em três dias me sentia desnorteada,
E aí vieram: o descanso mental, a Itália e um merecido sonho realizado.
E aquilo só crescia...
Mas não é fácil entender as facetas das tentativas de fuga psicometodológicas,
Não é fácil compreender o ser criado social e subjetivamente como mulher feminista, libertária e melancólica.
Mas às vezes...
Às vezes seres iluminados aparecem, seres que tem lágrimas, coração, sangue nas veias e vontades...
E não se pode fugir do corpo quando treme, do pensamento quando viaja ao encontro do outro, da respiração que dá vontade de chorar.
Não se pode fugir dos sinais, por mais cética que se seja.


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Barra Grande - Piauí





Nossa! Abandonei a descrição da "Rota das Emoções".  Por um lado é bom porque ao escrever relembro dos detalhes dessa maravilhosa viagem e no mieo da vida mais trabalho menos diversão, penso: nossa! Sou doida mesmo como algumas pessoas dizem, sair por aí sozinha, sem ter destino certo e fazer toda essa viagem independentemente.
Mas vamos lá! Barra Grande - Piauí. Sim, não faz parte tradicionalmente dessa rota, mas eu a incluí. Por que mesmo? Não lembro exatamente. Porque eu conheci a única pessoa que estava na praia em Atins num certo dia, numa certa hora e ele já tinha tocado com uma amiga que estudou comigo e me falou muito bem dessa praia, porque a dona da casa que eu estava tinha um primo que não conhecia pessoalmente que tinha uma pousada lá e principalmente porque eu não podia perder a oportunidade de conhecer o litoral do Piauí, que tem gente que nem sabe que existe.Existe sim e é lindo!
Barra Grande faz parte do município Cajueiro da Praia, é bem pequeno e acessível de automóvel comum, coisa que não estava acostumada até então nesta viagem, cheguei lá depois de alguns tipos de transportes num ônibus de viagem. Fiquei numa pousada incrível, acho que chamava “Casa do Velejador”, mas que era conhecida como a casa do Capucho, o pai da família linda que fiquei amiga, três crianças lindas. Era a casa deles e nos dias que eu estava lá, era a única hóspede, mas já tinha aumentado, tinham dois chalés e uma casinha.
Era de tarde e logo fui pra praia e vi um monte de gente praticando Kitesurf. UAU! Muito legal! Fiquei com vontade! Mas que praia L-I-N-D-A. Incrível que ela era de um jeito de tarde (maré cheia) e totalmente diferente de manhã (maré vazia), só descobri isso no dia seguinte quando acordei cedo e me deparei com “outro lugar”.
Fazia as refeições (deliciosas) por lá mesmo na casa, numas mesinhas do lado de fora. Por lá fiquei pensando no calor que deve fazer em Tocantins porque dizem que é tipo como estava lá só que sem vento! Imagina só!! Lá era insuportável de calor (e estávamos em setembro). Um dia voltando da praia, como uma tuaregue, perto do meio dia, percebi que era uma das poucas pessoas que andava na rua essa hora, realmente não rolava, ninguém conseguia fazer muita coisa no sol essa hora. Então depois do almoço era hora do cochilo antes de voltar pra praia, que delícia. E esse vento que salvava não era um ventinho, era um vento insanoooo! Não rolava caminhar uma certa hora do dia, hora essa que os kitesurfers estavam montando seus equipamentos. Muito bom ficar olhando eles naquele céu lindo. Lembro de um garoto local, novo, pele morena, queimadasso de sol, cabelo preto e liso que arrasava  nas ondas, surfava com pranchinha de surf solta no pé. Muito foda!
Depois fiz amizade com alguns dos praticantes de lá, a maioria paulistas que cansaram da vida insana de SP e tiveram condições e coragem de se jogar pra lá. Povo muito gente boa e que cozinhava muito bem, tinham negócios de alimentação lá muito de bom gosto.
Valeu a pena incluir esse pedacinho de Brasil na Minha Rota das Emoções. De lá foi uma aventura pra chegar em Jericoacoara, mas nada que não tivesse feito antes...

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O sentido das coisas e as coisas dos sentidos


Ah, difícil é ver isso tão bonito,
Ver o amor romântico e acreditar, sentir.
ou ao menos sonhar...
-acaba, muda, transforma, morre-

Absorvo a dor, mas ela já não fica mais, ela passa.
Digiro a triste história e engulo o amargo da desesperança.
-equilíbrio, atenção, anestesiamento natural-

Mais uma criança de 9 ou 12 anos aliciada pelo crime organizado.
E quem disse que o encaram como criança?
Sua sede de poder já o mostra como adulto para o mundo indiferente.
-sentido?onde?-

Aflore-me os sentidos às cotidianas coisas!
Que sinta. Que sofra diferente.
Não esse gosto amargo e esse pedacinho inflamado que ninguém se importa.
Que não se encontre sentido em nada,
-não busco-

Dê-me meus sentidos de volta,
Afete-me!
Não vejas mais essa armadura,
Desmonte-me!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Delta do Parnaíba - Piauí - setembro 2011









quarto do hotel mal assombrado

hotel mal assombrado

Partindo do Estado do Maranhão em direção ao Piauí fui num bonde de uma Hilux 4X4 (dessa vez mais confortável) com um casal de gringos italianos que mal falavam, interessante aquele caminho pela praia... Parnaíba é uma cidade grande, mas com uma cara muito diferente das cidades grandes daqui. Chegando a rua do hotel mais barato que achei por lá avistei o casal de amigos paulistas que conheci em Santo Amaro (que concidência) e depois fomos jantar com mais uma amiga deles psiquiatra. Eles tinham acabado de fazer o passeio e estavam indo em direção à Jericoacoara. Era um domingo. Não estava fácil achar algum passeio pra segunda feira, o turismo lá é bem devagar, pela fama achei que teriam mais movimento, mas não! era bem devagar. Então, acordei cedo e fui a todas as agências pra dizer que estava lá procurando um grupo, depois de algum tempo avistei um povo numa das agências, era uma gente simpática de dinheiro que sabia pechinchar. Isso era bom! E foi esse o grupo que fui, tinha que ser esse e foi: um casal de amigos meio brasileiros meio japoneses, um casal de idosos e um casal de minas quarentonas, o barqueiro acabado de sair da adolescência e EU. Foi engraçado! O povo tirou várias fotos minhas, vai saber o que falaram de mim pras suas famílias!!!
Bom, nesse rolê eu tenho que mencionar o hotel mal assombrado que dormi. Era um hotel grande, meio falido numa casa muito antiga da época da escravidão. Meio bizarro... Dormi duas noites lá, numa delas estavam apenas duas pessoas no hotel inteiro: eu e a recepcionista. Antes de dormir, arrumando as coisas eu precisei de uma tesoura para um curativo, pensei: vou pedir a ela, abri a porta que rangeu (mesmo), maior escuridão, um ventinho, silêncio, aquelas paredes gigantes de pedra, janelões, portonas, uns quadros, dei um passo e um morcego passou num razante na minha cabeça. Achei melhor voltar pra trás... Depois que descobri que só estávamos nós duas no hotel todo! Foi engraçado, teria gente que não coseguiria dormir lá. Mas eu fui que fui!

Mas vamos lá ao ponto: DELTA DO PARNAÍBA! Lindo lindo! Umas praias no meio do nada, não fiquei quanto tempo queria em cada lugar, esse negócio de passeio fechado... mas era a única opção no momento, eu só tinha 1 dia inteiro lá! Mesmo lindo, tenho que confessar que pra quem já foi pra Amazônia (na minha singela opinião) não vai ver tantas coisas mais lindas que Ela. Mas é lindo e o destaque (que só fui por causa do povo pois era o passeio mais caro)mas o destaque foi a Revoada dos Guarás UAU e o pôr do sol que coisa maravilhosa. Mas teve uma hora que acho que ouvimos tiros e todos eles, guarás e garças voaram meio tensos, não como antes do barulho quando estavam apenas trocando de ilha para dormir, mas assustados. Sim eram tiros, o próprio barqueiro assumiu. Depois ouvi falar que haviam caçadores de Guará lá, que a polícia ambiental tava em cima, mas não dava conta de reprimir. É claro né capitalismo? É claro que a polícia não dá conta de reprimir, nem se quisesse...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Força na luta e paz para todas as mulheres!


Ter certas dificuldades com o amor romântico não significa não ter um coração em algum lugar.
Ter facilidade em tratar mal com quem se tem sentimentos, não significa não ter sentimentos.
Ter o dom de se afastar mentalmente estando lado ao lado de alguém, não significa não se importar.
Ter o dom de se afastar emocionalmente rápido quando algo que não agrada acontece, não significa ser fria.
Gostar de sexo mais do que uma mulher deve demonstrar que gosta, não significa que nunca se chorou de felicidade fazendo amor.
Ser um ser humano, trair e sentir desejo por outros, não significa que não é uma pessoa que se possa confiar.
Ser instável, um dia achar que não quer mais e outro dia querer mais que todos outros dias, não significa que não se pode ser levada a sério.
Ser mulher feminista que trabalha, estuda, ama, goza, sofre, sonha, chora, grita;
sente dor por todas aquelas mulheres que sofrem, são exploradas e se sentem isoladas;
sentir orgulho por todas que lutaram por tudo que conquistamos;
e sentir vergonha por aquelas que acham que não temos mais nada pra lutar;
Sim isso significa sofrer, isso significa chorar, ter insônia, morrer e ressuscitar às vezes sem força nenhuma, às vezes mais forte que nunca.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Caburé e Mandacarú - emoção nos meus últimos dias no Maranhão

vista do Farol de Mandacarú
Caburé praia
Caburé rio
chalé sinistro
Caburé

Um belo sorriso de um charmoso maranhense, uma carona de quadriciclo e uma paquera descompromissada e uma possibilidade de um luau me incentivaram voltar à Caburé, pequeno vilarejo que havia conhecido em um passeio saindo de Barreirinhas. Apenas me incentivaram porque o lugar é lindo e diferente, queria passar uma noite lá! Então, de Atins tomei um barquinho pra Caburé e de lá partiria rumo ao Piauí. Um barqueiro que mal falou comigo me levou, ficando com o troco que não tinha pra me dar e disse que me traria mais tarde. Horas se passaram, não me preocupei porque via o barquinho atracado em frente a Pousada que estava, a hospedagem mais cara da viagem, mas como estava sem dinheiro nenhum era a opção que aceitava cheque. Fiquei num chalé só pra mim com uma cama de casal e um beliche, um banheiro bem na areia. Em Caburé não há casas, só restaurantes e pousadas, muito poucas, não há luz, às 6hs da tarde eles ligam o gerador e desligam as 10hs da noite. 
Fui pra praia, andei, mergulhei, tomei sol, mas a praia estava vazia, já era fim de tarde. Voltei pro chalé e quando estava quase tirando um cochilo, alguém bate na porta, o barqueiro! Trouxe o troco e me convidou para uma cerveja. Meio sonolenta aceitei e fui. Ao chegar mais dois amigos estavam ali, em uma outra pousada do lado. Depois de algumas, os três barqueiros e pescadores resolvem ir para um suposto forró para um outro povoado em frente (Mandacaru que já tinha conhecido de dia), atravessando o canal, alguns minutos de barco. Acho que não pensei e fui, atravessamos, três barquinhos a motor pequeno (não lembro como eles chamam por lá). Chegamos lá e nada de forró, havia é só moradores e eu de turista em todo o povoado, fomos para um "bar" que tinha umas mesas de sinuca, umas três mulheres e uns trinta homens. OK eu era a atração do lugar e os pesacadores ficavam chamando o dono do bar, falando que eu era paulista e queria ouvir reggae. Não tinha banheiro. Essa noite foi a mais louca dessa viagem (será?) e senti coisas que jamais esquecerei. Muita coisa aconteceu lá, alguma tensão, mas nada ruim. Só sei que passaram-se algumas horas e no final, dois caras estavam brigando pra me levar de volta pra Caburé, voltei com mesmo pescador que havia me trazido de Atins e ele começou a contar que tinha me visto em Atins e sabia tudo que eu tinha feito todos os dias e com quem (!!!). 
A noite estava linda, o barqueiro bêbado, a gasolina acabando e eu não via Caburé, afinal já era mais de 10hs e as luzes estavam apagadas. Tudo, tudo que eu pensava era em chegar no chalé, para isso teria que chegar na ilha, no chalé e com muita calma dar um fora no pescador que estava super chateado com o amigo de Mandacaru que havia me oferecido carona de barco. Não tinha nada comigo, apenas um lenço, um documento e uma lanterna!!! Mas quem disse que eu sabia chegar no chalé na escuridão? Pois que João atracou certinho no lugar e me levou à porta do chalé. E ainda teve que dormir no barco, pois a gasolina não daria pra voltar pra Atins. Tudo bem, ele se declarou e me pediu um beijo respeitosamente e quase chorou quando neguei, mas tudo que eu pensava era em entrar e trancar a porta. O que logo fiz e quando deitei na cama olhando para este teto de uma das fotos, senti o maior alívio da minha vida e a sensação mais estranha. Teria passado um grande risco? Foi uma grande loucura? Jamais saberei. Nunca. E aquela noite fiquei com medo, o chalé ficava no meio da areia, de um lado mar e de outro rio e um vento uivando... Olhava pelas frestas da veneziana e escuridão. No dia seguinte parti para o Piauí. Descobri que turistas não vão pra Mandacaru de noite. E essa foi minha última noite no Maranhão, o Estado do filho da puta do Sarney, mas que é um dos mais lindos do Brasil e com as pessoas mais legais do mundo...