sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Caburé e Mandacarú - emoção nos meus últimos dias no Maranhão

vista do Farol de Mandacarú
Caburé praia
Caburé rio
chalé sinistro
Caburé

Um belo sorriso de um charmoso maranhense, uma carona de quadriciclo e uma paquera descompromissada e uma possibilidade de um luau me incentivaram voltar à Caburé, pequeno vilarejo que havia conhecido em um passeio saindo de Barreirinhas. Apenas me incentivaram porque o lugar é lindo e diferente, queria passar uma noite lá! Então, de Atins tomei um barquinho pra Caburé e de lá partiria rumo ao Piauí. Um barqueiro que mal falou comigo me levou, ficando com o troco que não tinha pra me dar e disse que me traria mais tarde. Horas se passaram, não me preocupei porque via o barquinho atracado em frente a Pousada que estava, a hospedagem mais cara da viagem, mas como estava sem dinheiro nenhum era a opção que aceitava cheque. Fiquei num chalé só pra mim com uma cama de casal e um beliche, um banheiro bem na areia. Em Caburé não há casas, só restaurantes e pousadas, muito poucas, não há luz, às 6hs da tarde eles ligam o gerador e desligam as 10hs da noite. 
Fui pra praia, andei, mergulhei, tomei sol, mas a praia estava vazia, já era fim de tarde. Voltei pro chalé e quando estava quase tirando um cochilo, alguém bate na porta, o barqueiro! Trouxe o troco e me convidou para uma cerveja. Meio sonolenta aceitei e fui. Ao chegar mais dois amigos estavam ali, em uma outra pousada do lado. Depois de algumas, os três barqueiros e pescadores resolvem ir para um suposto forró para um outro povoado em frente (Mandacaru que já tinha conhecido de dia), atravessando o canal, alguns minutos de barco. Acho que não pensei e fui, atravessamos, três barquinhos a motor pequeno (não lembro como eles chamam por lá). Chegamos lá e nada de forró, havia é só moradores e eu de turista em todo o povoado, fomos para um "bar" que tinha umas mesas de sinuca, umas três mulheres e uns trinta homens. OK eu era a atração do lugar e os pesacadores ficavam chamando o dono do bar, falando que eu era paulista e queria ouvir reggae. Não tinha banheiro. Essa noite foi a mais louca dessa viagem (será?) e senti coisas que jamais esquecerei. Muita coisa aconteceu lá, alguma tensão, mas nada ruim. Só sei que passaram-se algumas horas e no final, dois caras estavam brigando pra me levar de volta pra Caburé, voltei com mesmo pescador que havia me trazido de Atins e ele começou a contar que tinha me visto em Atins e sabia tudo que eu tinha feito todos os dias e com quem (!!!). 
A noite estava linda, o barqueiro bêbado, a gasolina acabando e eu não via Caburé, afinal já era mais de 10hs e as luzes estavam apagadas. Tudo, tudo que eu pensava era em chegar no chalé, para isso teria que chegar na ilha, no chalé e com muita calma dar um fora no pescador que estava super chateado com o amigo de Mandacaru que havia me oferecido carona de barco. Não tinha nada comigo, apenas um lenço, um documento e uma lanterna!!! Mas quem disse que eu sabia chegar no chalé na escuridão? Pois que João atracou certinho no lugar e me levou à porta do chalé. E ainda teve que dormir no barco, pois a gasolina não daria pra voltar pra Atins. Tudo bem, ele se declarou e me pediu um beijo respeitosamente e quase chorou quando neguei, mas tudo que eu pensava era em entrar e trancar a porta. O que logo fiz e quando deitei na cama olhando para este teto de uma das fotos, senti o maior alívio da minha vida e a sensação mais estranha. Teria passado um grande risco? Foi uma grande loucura? Jamais saberei. Nunca. E aquela noite fiquei com medo, o chalé ficava no meio da areia, de um lado mar e de outro rio e um vento uivando... Olhava pelas frestas da veneziana e escuridão. No dia seguinte parti para o Piauí. Descobri que turistas não vão pra Mandacaru de noite. E essa foi minha última noite no Maranhão, o Estado do filho da puta do Sarney, mas que é um dos mais lindos do Brasil e com as pessoas mais legais do mundo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário